Festival da Broa

Este ano, uma vez mais, tivemos a oportunidade de participar no Festival da Broa.

Estarmos presentes nos eventos da terra é, sobretudo, uma forma de rever amigos e vizinhos e partilhar com eles esta paixão. Entre a bola de sardinha e um copo, lá se apresenta a nova torga ou aquela que ainda não esteve exposta…

Há também os visitantes que vêm de longe,como por exemplo, o artista convidado Jorge Guerreiro, e que conhecem o projeto pela primeira vez.

Um fim-de-semana de alegre convívio!

Vi(r)ver a Escola: outras lições

Muito se fala da falta de valores da nova geração… aprisionados nas telas, os miúdos seriam egocêntricos, incapazes de socializar na vida “real”. É fácil acreditar nisto, até porque televisões e redes sociais ecoam histórias de colocar os cabelos em pé: jovens que dos seus quartos lideram grupos de assassinos e aspirantes, crianças que abusam de outras, espancamentos por telemóveis, cyberbullying… E, claro, dedos apontados aos pais que não estão atentos, dedos apontados à escola que não promove o respeito pelo Outr@. Mas há outras histórias que merecem ser contadas…

Esta aconteceu connosco no Agrupamento de Escolas de São Pedro durante o evento Vi(r)ver a Escola. Fora uma manhã cheia: barraquinha Torgas Vivas com muitas crianças e jovens a espreitarem e a tocarem as Torgas Vivas, miúdos curiosos a questionarem sobre tudo (as raízes, o trabalho, as ferramentas, as histórias, o escultor…), miúdos a darem largas à imaginação (adivinhando Torgas Vivas nas curvas e contracurvas de cada torga) só isso, já seria de assinalar… afinal, talvez se lhes der oportunidades não estejam tão alheados do mundo como se garante…. Bem, depois de um bom almoço, uma pequena pausa para recuperar as forças, uma garrafinha de água enquanto se observa a miudagem no recinto. Eis que se aproximam 3 garotinhos, estes já são “velhos” conhecidos, pois estiveram durante a manhã numa conversa interessada, dois enveredam camisolas de clubes distintos, o que os torna ainda mais inconfundíveis.

– O Senhor gosta de crepes? – a questão surpreende! Crepes?

– Eu ofereço-lhe um! – apressa-se a explicar o rapazinho e perante a surpresa, acrescenta:

– Eu tenho dinheiro – enquanto mostra as moedas. O amigo completa:

– Eu pago-lhe o sumo!

Como reagir com tamanha generosidade?

Generosidade que nos restaura a esperança. Não sabemos se são crianças puras de coração, se seguem os exemplos de seus pais ou as lições de seus professores, mas num mundo inundado de imagens de terror vale a pena celebrar os sinais de esperança. E, de repente, o símbolo colocado na base da escultura Vi(r)ver a Escola faz todo o sentido.

Vi(r)ver a Escola

A Escola é um pilar essencial da nossa sociedade, mas a escola não pode viver fechada nos seus muros. Distanciada da realidade, a escola torna-se prisão, mero repetidor de conteúdos. Projetos que abrem portas e aproximam a comunidade e a vida real às escolas são sempre grandes oportunidades de crescimento não só para estudantes, mas para tod@s! Não podíamos, pois, recusar o inesperado convite para participar no projeto Vi(r)ver a Escola do Agrupamento de Escolas de São Pedro do Sul. E, como foi bom!!!!

Primeiro, a escultura criada de raiz para o evento. Que desafio! Criar algo para inaugurar no primeiro dia de evento, algo que pudesse, depois, ficar no Agrupamento… algo que evocasse uma visão da escola… algo que interagisse com os estudantes…

(imagens do Município de São Pedro do Sul)

Neste processo de criação, há tantos amigos a que agradecer: António Abreu (a oliveira), Rui Cardoso (o tronco de castanheiro), Carlos Fernandes (o carrinho, o saber), Joaquim Agostinho e Junta de Freguesia de Santa Cruz da Trapa, na pessoa do Presidente Celso Almeida (transporte) Prof.s Adriano Azevedo e Paulo Paiva (acompanhamento e sugestões). Esta criação foi um trabalho moroso, mas muito apoiado.

Depois, na inauguração as palavras amáveis do Diretor do Agrupamento e do Vice-Presidente do Município de São Pedro do Sul, Pedro Mouro, tornaram o momento inesquecível.

Houve, finalmente, a mini-exposição na Escola Secundária. Que boa surpresa a forma como estudantes interagiram com as Torgas Vivas: o observar, o admirar, o tocar, o perguntar, o imaginar… tão bom perceber que as Torgas Vivas despertaram curiosidade, espanto e até alguns risos! Mas também os graúdos foram generosos nas suas apreciações…

Só podemos estar gratos por esta ocasião de partilha! Uma vez mais um especial obrigado ao Prof. Adriano Azevedo, Diretor do Agrupamento, pelo desafio, mas a todos aqueles que partilharam esta aventura de Vi(r)ver a Escola agradecemos!

Vilar Formoso

Algumas Torgas Vivas encontram-se expostas no Museu “Vilar Formoso Fronteira da Paz, Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes”. Este Museu faz memória da passagem dos refugiados por aquela vila durante a 2ª Guerra Mundial, mas vai mais além, contextualizando a Guerra, homenageando a coragem do Cônsul Aristides Sousa Mendes, recordando o acolhimento em terras de Portugal e as vidas que se construíram graças a esta passagem, sobretudo mostra os refugiados como pessoas, como cada um de nós.

Milhares de pessoas chegaram a Vilar Formoso fugindo do extermínio. Relembrar o horror de que fugiam é uma obrigação. Relembrar a generosidade de Aristides Sousa Mendes é uma verdadeira lição de humanidade.

As pequenas Torgas Vivas parecem deslocadas face à enormidade do que é relembrado naquele espaço. No entanto, quando paramos e nos limitamos a observar a exposição, pequenos milagres acontecem: duas crianças param junto de O Rei vai nu e riem… um riso leve que ecoa o mais precioso que há em cada um de nós. Talvez a arte sirva apenas para nos remeter à essência comum de todos os seres humanos.

Para quem ainda não teve oportunidade de visitar, vale a pena espreitar: https://vilarformosofronteiradapaz.cm-almeida.pt/

Uma palavra, ainda, para agradecer ao amigo João Marques, que nos convidou para esta exposição a dois: gratidão!

Advento

Advento é sempre tempo de esperança, para nós é também uma oportunidade de revermos a Coroa de Advento na igreja matriz de Santa Cruz da Trapa.

Ao domingo é com emoção que vemos acender as velas que nos aproximam do Natal. Que maravilha podermos contribuir para este belo momento de partilha e oração na comunidade!

Novidades

Na oficina já há pó e restos de madeira do chão. O pó também paira no ar. Escavacando, escavacando… a terra e o lixo vão saindo… Uma nova criação está na calha.

É grande esta nova peça, pesada também. Está pendurada nos ares para facilitar o trabalho. Há ideias a borbulhar, mas só depois de limpa o véu será retirado. Por agora, há muito que limpar!

Lá fora também há novidades: novas torgas vão secando, uma oferta de alguém muito especial… Não é fácil arrancar torgas à terra, estas raízes são teimosas e resistentes, mas de vez em quando novas torgas chegam até nós… aguardo a oportunidade de se tornarem Torgas Vivas.